Essas grandes empresas já foram acusadas de realizar trabalho escravo

Sabe aquele ditado popular que diz que o pior cego é o que não quer ver? Pois é. Considere que todos os anos surgem notícias sobre grandes marcas e empresas usando e abusando do trabalho escravo de imigrantes ou mesmo de brasileiros.

Nesse texto, não vamos falar nada além do que você já sabe. Mas então por que deveria ler este artigo? Para saber com precisão quais marcas estão no “olho do furacão”. Todas essas empresas, por mais confiáveis que parecem, podem ter um lado bastante obscuro.

Foto: (reprodução/internet)

As marcas de roupas

Primeiro, vamos começar falando das marcas de roupas em uma linha cronológica. Considere que são os casos mais arrepiantes que se tem notícia e até mesmo fotos comprovando os fatos. Isso vai da Marisa até a Zara, veja só.

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Mais tarde, no fim do artigo, também vamos trazer outras empresas, como do ramo alimentício, de bebidas ou mesmo de tecnologia. A ideia é provar que nem toda grande empresa cumpre o seu papel social como indica. Prepare-se para se surpreender.

Marisa

Antes mesmo de o caso da Zara explodir na mídia, a Marisa já havia passado por situação parecida. Foi no ano de 2010 que a fiscalização encontrou 16 bolivianos, alguns menores de 18 anos, trabalhando em condições de escravidão para fazer peças para a marca Marisa.

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Eles estavam em uma pequena oficina na cidade de São Paulo. No lugar, haviam cadernos de anotação com indicações das cobranças ilegais dos empregadores. Por exemplo, taxas e despesas que indicavam o tráfico de pessoas.

Os salários deles eram de R$ 200, bem menos do que o salário mínimo da época, que batia a casa dos R$ 500. Conforme a Superintendência Regional do Trabalho, foram pelo menos 40 autos de infração com passivo total de mais de R$ 630 mil.

Zara

O caso da Zara foi um dos mais comentados no Brasil. Ele foi à tona em 2011, quando equipes de fiscalização notaram que, pela terceira vez, haviam trabalhadores estrangeiros submetidos a condições análogas a da escravidão. A Zara é do grupo Inditex.

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Na época, os funcionários constataram as contratações ilegais, o trabalho infantil, as condições estruturais degradantes, jornadas de mais de 16 horas por dia e cobranças de descontos totalmente irregulares. Os funcionários eram proibidos de sair de lá.

Um deles chegou a dizer que só tinha autorização para sair do lugar de moradia/trabalho para casos urgentes, como médicos. No mesmo, mais uma investigação foi feita e de novo encontraram as mesmas irregularidades. Logo, não se cumpriu os processos.

Pernambucanas

Praticamente ao mesmo tempo em que a Zara respondia a vários crimes, a Pernambucanas também viveu esse momento polêmico na sua história. Isso porque auditores flagraram uma confecção na zona norte de São Paulo, com 16 bolivianos sendo explorados.

Foto: (reprodução/internet)

O grupo fazia a costura de blusas da coleção Outono-Inverno daquele ano para a Argonaut, que era uma marca para o público jovem da Pernambucanas. O lugar era totalmente impróprio e os trabalhadores atuavam em jornadas de trabalho exaustivas.

As vítimas trabalhavam mais de 60 horas por semana para receber R$ 400 no mês. Durante o flagrante foram encontradas duas adolescentes. Isso porque em 2010, a Pernambucanas já havia sido citada em caso parecido, mas ofuscou a situação. 

M. Officer

Um pouco depois do que aconteceu com a Zara, várias grandes lojas de roupas foram “invadidas” pelos fiscalizadores, que continuaram encontrando irregularidades de trabalho. Um dos exemplos vem da M. Officer, o que também se torna chocante.

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Esse caso foi provado em 2013, quando uma ação resgatou duas pessoas fazendo peças da M. Officer em condições análogas à escravidão na região central de São Paulo. Eles eram casados, bolivianos e viviam com os filhos no local.

A casa não tinha qualquer condição de higiene e nem local para a alimentação. A família toda comia sobre a cama, onde dormia e costurava os detalhes. Era um único quarto para a família toda. E eles ainda tinham que pagar as despesas da casa. Um ano depois, a história se repetiu.

Le Lis Blanc

Em 2013, a Le Lis Blanc também foi desmascarada. Isso porque a fiscalização encontrou 28 pessoas que faziam peças para a grife em 3 oficinas clandestinas. Todas elas foram libertadas, sendo que uma tinha apenas 16 anos.

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Elas recebiam entre R$ 2,5 e R$ 7 por cada unidade costurada. As peças eram vendidas por 100 vezes aquele valor. Os resgatados também eram bolivianos e alguns disseram que jamais sairiam dali porque tinham muitas dívidas. 

A Le Lis Blanc também precisou responder a outros casos que eram ligados à sua marca, como da Bo.Bô, no mesmo ano e pelo mesmo motivo. Quem vê as peças sendo vendidas a quase R$ 600 não acredita que esse tipo de trabalho escravo é incentivado pela marca, né. 

GAP no Brasil

Também foi em 2013 que várias empresas do grupo GAP foram autuadas pelo trabalho escravo e desumano. Entre elas, Cori, Emme e Luigi Bertolli. O fato cômico aqui é que essa autuação aconteceu na mesma semana da São Paulo Fashion Week, em março.

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A fiscalização conseguiu libertar 28 costureiros da Bolívia em oficinas clandestinas. Eles atuavam em situações degradantes, com jornadas de trabalho exaustivas e tinham a chamada servidão por dívidas. Ou seja, praticamente tudo o que envolve o trabalho escravo.

O resgate dessas pessoas partiu de uma investigação que havia sido feita pelo Ministério Público do Trabalho, pelo Ministério do Trabalho e Emprego, além da Receita Federal. No entanto, como sabemos, os casos voltaram a se repetir anos depois. 

Renner

E para quem acha que a gente está falando apenas de marcas estrangeiras que são famosas, saiba que a queridinha dos brasileiros, a Renner também entrou na dança. Ela foi responsabilidade por autoridades do trabalho pela exploração de costureiros em 2014.

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No local, eles encontraram bolivianos em condições de escravidão. O flagrante foi feito em uma oficina de costura terceirizada na periferia de São Paulo. Os costureiros viviam em situações degradantes, com jornadas exaustivas e dívidas. 

Conforme o Código Penal Brasileiro, a Renner teve que responder por vários crimes, como aliciamento e tráfico de pessoas. Na época, a empresa optou pelo silêncio sem conseguir desmentir as fotos em flagrante que foram feitas. 

Animale

O fato que saiu em toda a mídia foi em 2017. Alguns auditores fiscais flagraram imigrantes bolivianos que recebiam R$ 5 por peça para fazer a produção. O problema é que as peças eram vendidas por R$ 698 cada uma. Só que esse era só um problema fiscal.

Foto: (reprodução/internet)

Isso porque a marca, que vende o conceito de “luxo e sofisticação”, tem mais de 80 lojas espalhadas no nosso país, a maioria em shoppings de alto padrão. Esses costureiros bolivianos eram contratados de zonas da periferia e atuavam por mais de 12 horas diárias.

Aliás, trabalhavam e dormiam no mesmo lugar, dividendo espaço com linhas, comidas, baratas, falta de banho e instalações bastante precárias. O lugar foi fechado por risco de incêndio e a Animale não divulgou notas na época. 

Outras marcas que praticaram trabalho escravo

Agora para terminar o artigo, como prometido, vamos ter aqui, de forma breve, algumas menções a empresas de outros setores que também incentivaram, de alguma forma, o trabalho escravo no mundo todo. De novo, você vai se surpreender.

Foto: (reprodução/internet)

Vamos começar falando daquelas que são da tecnologia: Apple, HP e Dell já tiveram que responder pelo tema do trabalho escravo. Sabia? Apesar de terem peças incríveis que são usadas no mundo todo, o papel social deles está devendo muito.

Alguns trabalhadores foram encontrados trabalhando em condições de risco, com exposição aos produtos químicos. Eles devem assinar um termo de “não-suicídio” no contrato de trabalho, o que vai totalmente contra aos direitos humanos dos trabalhadores. 

O caso Victoria’s Secret

Essa marca poderia ter sido citada acima porque ela vende roupas também. No entanto, o foco está em múltiplos produtos, como perfumes e cosméticos. Por isso, deixamos para o fim. Mas, além disso, ela tem um resultado que vai fazer você amargar demais o seu estômago.

Foto: (reprodução/internet)

Há alguns anos, uma menina chamada Clarice Kambire de Burkina Faso deu uma entrevista para o Bloomberg. Ela disse que era forçada a plantar e colher algodão a partir de abusos físicos quando trabalhava para a Victoria’s Secret.

Para responder a isso, você quer saber o que a VS fez? Ela simplesmente tirou o selo de “fair trade”, que indica “comércio justo” dos seus produtos. Isso porque o selo garante a não exploração dos trabalhadores, o que não condiz com o relatório da menina Clarisse. 

Alimentos e bebidas

E para fechar, considere que Sadia e Perdigão são as empresas do setor de alimentos mais lembradas no assunto do trabalho escravo no Brasil. Elas são marcas famosas que já responderam a mais de milhões por indenizações trabalhistas, especialmente no Paraná.

Do lado das bebidas, a maior de todas, a Coca-Cola. É isso mesmo: da próxima vez que você pegar uma latinha vermelha pode ser que você sinta um gosto amargo. Agora, já sabe de ondem vem. A marca foi até citada no The Independent por usar o trabalho escravo com imigrantes africanos.